Como é feito um Jornal (A rotina de uma redação)

29/09/2012 17:17

> A pré-pauta

É a relação simplificada e provisória com os possíveis assuntos que os repórteres do

jornal vão apurar a cada dia. Dentro de cada editoria, o pauteiro anota o que lhe parece

mais interessante no noticiário já publicado pelo seu e pelos demais jornais, ou

divulgado pelas rádios, pelas televisões. Ouve também os repórteres da editoria. Junta,

em suma, o máximo possível de anotações e sugestões, antes de chegar à seleção que

resultará na pauta definitiva.

> A pauta

A pauta definitiva de um jornal vem de uma reunião com os pauteiros de todas as

editorias, geralmente sob o comando de um editor-executivo. Nessa reunião, evitam-se

as superposições, aqueles casos em que duas editorias vão cobrir o mesmo assunto,

entrevistar a mesma pessoa. É nessa reunião, ainda, que se decide quais são os assuntos

mais importantes daquele dia, os que exigem a mobilização de equipes maiores, os que

dependem da contratação de consultorias. Nos jornais, essa pauta é definida o mais cedo

possível, pela manhã. No final da tarde, uma outra reunião define o que efetivamente

será publicado pelo jornal, pois muitos assuntos selecionados na reunião matinal não

renderam o que deles se esperava, outros assuntos surgiram no correr do dia. De um

modo geral, a reunião vespertina é comandada por outro editor-executivo, ou pelo

próprio diretor da redação, e os pauteiros são substituídos pelos editores.

> A apuração da informação

Ultimamente, usam-se mais o telefone e a internet, no levantamento das informações

que constam da pauta definitiva. Mas ainda se usa muito ir ao local. Essa expressão – ir

ao local – tem sentido bem amplo: estar pessoalmente com o entrevistado, comparecer à

estréia ou ao lançamento, deslocar-se até o ponto onde houve o incêndio, o alagamento,

o acidente, o crime. A apuração da informação é todo o esforço que o jornalista faz para

reunir o máximo possível de dados, para depois selecionar os melhores, os que mais fiel

e completamente contem a notícia.

> O fechamento

É o final do trabalho de cada dia, em cada editoria. É o momento em que a página fica

pronta, na redação, e vai para a gráfica, para a impressão. O horário de fechamento

varia, de acordo com a hierarquia estabelecida pela pauta definitiva de cada dia. Muitas

vezes as páginas que fecham por último são as de Esporte, porque algum jogo vai

terminar mais tarde, ou as de Artes e Espetáculos, porque é preciso esperar o final de

uma estréia teatral. O normal é que feche por último a primeira página, a principal do

jornal, a capa que sai com a manchete do dia e com textos resumidos (as chamadas de

capa) dos assuntos mais importantes das diferentes editorias. A pressão do horário de

fechamento é uma das maiores razões para que os jornalistas estejam sempre no topo

das listas dos profissionais mais estressados.

> Os clichês

Também chamado de lugar-comum ou chavão, o clichê é aquela frase pronta, aquela

expressão consagrada, aquela palavra repetida que em geral funciona bem na linguagem

falada, mas que devemos evitar no texto jornalístico. Dizer, por exemplo, que o artista

fechou com chave de ouro a sua apresentação pode ficar bem no correr de um bate-papo

entre amigos, mas no texto escrito deixa a impressão de que o redator não se esforçou

para encontrar um jeito mais criativo de informar que o artista encerrou o espetáculo

com uma surpresa, uma atuação fora do comum. Dizer cobras e lagartos, crivar de balas,

preencher uma lacuna, agradável surpresa, calor escaldante, suculenta feijoada – todos

esses são clichês. A lista dos lugares-comuns na verdade é imensa. Convém evitá-los.

Ou só usá-los conscientemente, tendo noção de que vão empobrecer aquele trecho do

texto. Uma observação de ordem prática: na correria do fechamento de um jornal, nem

sempre o redator tem tempo e cabeça de procurar um substituto criativo e eficiente para

o clichê. Aí o jeito é usar e contar com a compreensão do leitor (que em geral

compreende).