Como é feito um Jornal (A rotina de uma redação)
> A pré-pauta
É a relação simplificada e provisória com os possíveis assuntos que os repórteres do
jornal vão apurar a cada dia. Dentro de cada editoria, o pauteiro anota o que lhe parece
mais interessante no noticiário já publicado pelo seu e pelos demais jornais, ou
divulgado pelas rádios, pelas televisões. Ouve também os repórteres da editoria. Junta,
em suma, o máximo possível de anotações e sugestões, antes de chegar à seleção que
resultará na pauta definitiva.
> A pauta
A pauta definitiva de um jornal vem de uma reunião com os pauteiros de todas as
editorias, geralmente sob o comando de um editor-executivo. Nessa reunião, evitam-se
as superposições, aqueles casos em que duas editorias vão cobrir o mesmo assunto,
entrevistar a mesma pessoa. É nessa reunião, ainda, que se decide quais são os assuntos
mais importantes daquele dia, os que exigem a mobilização de equipes maiores, os que
dependem da contratação de consultorias. Nos jornais, essa pauta é definida o mais cedo
possível, pela manhã. No final da tarde, uma outra reunião define o que efetivamente
será publicado pelo jornal, pois muitos assuntos selecionados na reunião matinal não
renderam o que deles se esperava, outros assuntos surgiram no correr do dia. De um
modo geral, a reunião vespertina é comandada por outro editor-executivo, ou pelo
próprio diretor da redação, e os pauteiros são substituídos pelos editores.
> A apuração da informação
Ultimamente, usam-se mais o telefone e a internet, no levantamento das informações
que constam da pauta definitiva. Mas ainda se usa muito ir ao local. Essa expressão – ir
ao local – tem sentido bem amplo: estar pessoalmente com o entrevistado, comparecer à
estréia ou ao lançamento, deslocar-se até o ponto onde houve o incêndio, o alagamento,
o acidente, o crime. A apuração da informação é todo o esforço que o jornalista faz para
reunir o máximo possível de dados, para depois selecionar os melhores, os que mais fiel
e completamente contem a notícia.
> O fechamento
É o final do trabalho de cada dia, em cada editoria. É o momento em que a página fica
pronta, na redação, e vai para a gráfica, para a impressão. O horário de fechamento
varia, de acordo com a hierarquia estabelecida pela pauta definitiva de cada dia. Muitas
vezes as páginas que fecham por último são as de Esporte, porque algum jogo vai
terminar mais tarde, ou as de Artes e Espetáculos, porque é preciso esperar o final de
uma estréia teatral. O normal é que feche por último a primeira página, a principal do
jornal, a capa que sai com a manchete do dia e com textos resumidos (as chamadas de
capa) dos assuntos mais importantes das diferentes editorias. A pressão do horário de
fechamento é uma das maiores razões para que os jornalistas estejam sempre no topo
das listas dos profissionais mais estressados.
> Os clichês
Também chamado de lugar-comum ou chavão, o clichê é aquela frase pronta, aquela
expressão consagrada, aquela palavra repetida que em geral funciona bem na linguagem
falada, mas que devemos evitar no texto jornalístico. Dizer, por exemplo, que o artista
fechou com chave de ouro a sua apresentação pode ficar bem no correr de um bate-papo
entre amigos, mas no texto escrito deixa a impressão de que o redator não se esforçou
para encontrar um jeito mais criativo de informar que o artista encerrou o espetáculo
com uma surpresa, uma atuação fora do comum. Dizer cobras e lagartos, crivar de balas,
preencher uma lacuna, agradável surpresa, calor escaldante, suculenta feijoada – todos
esses são clichês. A lista dos lugares-comuns na verdade é imensa. Convém evitá-los.
Ou só usá-los conscientemente, tendo noção de que vão empobrecer aquele trecho do
texto. Uma observação de ordem prática: na correria do fechamento de um jornal, nem
sempre o redator tem tempo e cabeça de procurar um substituto criativo e eficiente para
o clichê. Aí o jeito é usar e contar com a compreensão do leitor (que em geral
compreende).